Como prometi, dirijo-lhe umas palavras a propósito do Conto que o Pedro Sanches teve, acredito, a alegria de escrever. Digo escrever, não digo redigir porque ele fez mais do que fixar o texto, escreveu uma página da vida, dos sonhos, com a intuição e a inocência que a nós adultos só nos pode constranger por delas não sermos já detentores. Essa inocência é para mim a maior virtude da história, a meu ver promissora de outros voos em que, aí sim, o seu jeito delicado de contar poderia ser a grande ajuda à imaginação que o Pedro tão bem soube tratar. Só um espírito perverso ousaria, ante tal acto de realização e dádiva, como é a o caso da criação de “Um Leão no Pacífico”, manietar a obra de arte pela apreciação linguística, qualquer que ela fosse. Nesse particular, limito a minha opinião à exaltação do engenho de quem tão bem entendeu que nada perdura sem transformação, que com palavras singelas de criança nos dá um exemplo de como sobrevivemos e nos perpetuamos nos universos que nos acolhem e modificam. Talvez apenas na aparência, que o nosso leão de leão conservou o nome, como se na sua condição sobrevivesse ao naufrágio, a este naufrágio de que o Pedro tão bem fez a parábola.
Parabéns pelo Pedro, crendo eu que esta história é tão só a extensão de um jovem escritor pouco preocupado com a crítica, e entregue na sua bondade à partilha da criatividade pessoal. E o meu obrigado por mo ter confiado. Vou guardá-lo com carinho.
Um abraço do
Luís Vendeirinho