segunda-feira, 11 de maio de 2009

MOMENTOS NO TEMPO

Fiquei tão triste por ter perdido o meu telemóvel...com ele perdi mensagens muito importantes...uma do Peter a dizer

"Mãe...vem buscar-me, please."

Outra que eu adorava do meu cunhado mas não a sei de cor e...



Olá

Infelizmente, não posso enviar-te cópia do SMS que te enviei o ano passado porque não costumo guardar cópia do que remeto a outras pessoas porque deixam de me pertencer quando as dou. Prometo guardar o email deste ano, presumindo que possas gostar do poema anexo, o que é presumir demais.

Um beijo do

Kim Zé


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MOMENTOS NO TEMPO

Para a Graça, em memória do Pedro


Houve um tempo em que a sua existência pessoal era uma probabilidade remota,
Entre uma nuvem de milhões de alternativas.
Houve um tempo em que dentro do teu ventre ele era um corpo novo que mexia
Houve um tempo sem tempo em que tu velavas e ele dormia
Houve um tempo em que tu querias e ele não podia
Houve um tempo em que ansiavas pelo tempo que lhe fugia
E o deixaste experimentar (bem hajas) vivências arriscadas
Apesar do fundado medo que sentias.

Um dia partiu
Deixando em ti essa mágoa, cuja intensidade sem igual ninguém partilha.

Mas não desapareceu,
Nem na memória dos que o conheceram e amaram,
Nem das histórias e lendas que viveu, nem nas tuas fotografias
Mas em todas não será mais do que uma imagem reflectida.

Permanecerá apenas, como ser individual, no contínuo de espaço e de tempo,
Onde tudo fica registado em permanência
(e nada pode ser excluído)
E, para os crentes, no Paraíso,
Mau grado sempre longe de nós, enquanto vivos,
Para quem apenas o presente tem consistência.

Mas breve, muito em breve
Não estaremos vivos nem eu, nem tu, nem ninguém que o conheceu

Será então tempo de nos reencontrarmos na dimensão informe do contínuo,
Despidos de artefactos e tendo presente, para conhecimento comum,
Todos os nossos actos e pensamentos
Desde os gestos mais lídimos, aos segredos mais escondidos.

Sim, então houve um tempo… e esse tempo voltou.


Faro, 11 de Maio de 2009


Kim Zé

3 comentários:

  1. Olá cunhado querido...
    O que é que eu posso dizer...
    As tuas palavras, os teus poemas, as tuas músicas fazem de ti quem tu és...
    A vossa casa (tua e da minha mana que eu adoro do coração) sempre foi nosso porto de abrigo e poiso preferido de um passarinho chamado Pedro.
    Mil beijos Graça, Pedro e Frederico.

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  2. Olá Xinha,
    As emoções estão muito fortes por aqui... eu fico sem palavras e... com uma lágrima ao canto do olho...
    Beijo,
    Paula

    Ps: não te esqueças do endereço!

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  3. Manuela Fonseca disse:

    Querida Gracinha, foi muito bom estar convosco.
    Nós existimos porque somos amados e a parte final da missa foi um hino ao amor pelo Pedro.
    Mais uma vez senti que sou uma privilegiada por ser vossa amiga!
    Muitas beijocas.


    Eu respondi:

    São estes momentos que me ajudam a seguir para a frente. A certeza da falta e do amor por parte de todos.
    O privilégio da nossa amizade é, no mínimo, igualmente meu.
    Mil beijos por terem estado presentes na missa.
    Ninguém tem a noção completa do que isso representa para mim.
    Mil beijos por terem feito parte desse hino ao amor pelo Pedro.
    Mil beijos por fazerem parte da minha vida.

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